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Eu sou apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no banco sem parentes importantes e vindo do interior...
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domingo, dezembro 24, 2006



Eu me criei ouvindo os soberbos gremistas dizerem que tinham um título que nós, colorados, nunca teriamos. Ta aí. O deles é de questionável legitimação, o nosso não.

A vitória do Internacional não é apenas a de um clube popular, de torcida do povo, altamente representada nas vilas de Porto Alegre. É a vitória de uma tradição do futebol brasileiro, que finalmente ganha a internacionalidade que sempre esteve a merecer.

O fato de vencer o Barcelona, mais organizado e rico time do mundo, torna o título ainda mais importante e legítimo, como o fora o da Libertadores contra o grande, rico e organizado São Paulo, três vezes campeão do mundo.

Dá-lhe Inter!


:: por Marcio | 12:31






Natal

Então é Natal... Não sou religioso e nem tão consumista assim. Apesar de tudo, é sempre momento de conviver com a família, pra bem e pra mal; pra pensar atitudes, rever planejamentos; sofrer; gozar.

Desejo a todos um bom natal, da forma que for possível ser feliz. E se não puder novamente pontuar, um bom ano de 2007 também.


:: por Marcio | 12:24








Não tenho aproveitado os primeiros dias das férias para pôr a programação de cinema em dia, como gostaria. Consegui apenas ver O céu de Suely, do diretor Karim Ainouz, consagrado já na estréia com Madame Satã.

O Céu ... tem caracteristicas tipicas do diretor: cenários sombrios da pobreza, da prostituição, do submundo. Dessa vez, ao invés da Lapa, do Rio, mostra Iguatu, uma cidade do interior do Ceará para onde volta Hermila, com um filho, vinda do Rio. Espera por Matheus, seu marido, que nunca vem e que lá pelas tantas já nem é mais localizado.

O cenário é submundo. O universo da história é feminino. A mulher entre a pobreza, a sobrevivência de qualquer forma, as possibilidades "fáceis" como a prostituição. A idéia de sair pelo mundo, os conflitos com a família (só mulheres)...

Um bom filme sobre mulheres e sobre brasilidade.


:: por Marcio | 12:15




terça-feira, dezembro 19, 2006

Segurança Pública: o novo secretário e as velhas idéias

Depois de uma procura árdua, a governadora eleita do RS, Yeda Crusius encontrou um nome para responder pela conturbada área da segurança pública: trata-se do deputado federal Ênio Bacci (PDT). Antes de chegar a esse nome, pela falta de outros, a tucana tentou ter como secretários pelo menos o também pedetista Vieira da Cunha e o pefelista Moroni Torgan, pefelista radicado há mais de vinte anos no Ceará.

As credenciais de ambos realmente eram maiores: o promotor licenciado Vieira da Cunha se notabilizou nos últimos anos como o Torquemada dos Pampas. Ganhou amplos espaços em sua fúria inquisitória de relator, em 2001, da CPI da Segurança Pública da Assembléia Legislativa, num momento em que a oposição jogou grande peso, sem muito critério, no sentido de derrotar o governo do petista Olívio Dutra, a partir das dificuldades enfrentadas na área do combate ao crime. Apesar de aparentemente ser o portador da verdade na área, faltou coragem, mais uma vez - já tinha sido convidado por Germano Rigotto, em 2003, para assumir a pasta - para colocar em prática suas tão vigorosas idéias acerca do tema. Já o pefelista Torgan foi um parlamentar atuante em CPIs que trataram de crime organizado e outras questões ligadas à violência, além de ser delegado da Polícia Federal. Esse não quis abrir mão de sua trajetória no Ceará para voltar ao seu estado natal em tarefa tão inglória. Assim, restou a Yeda aceitar a indicação do PDT de um nome de menor peso, o discreto Bacci.

Bacci é discreto em sua trajetória e desempenho eleitoral. Nunca foi um campeão de votos, sempre compondo um médio escalão do PDT estadual. Reeleito para o quarto mandato na Câmara Federal, recém na última legislatura Bacci deixou de ser um deputado do Vale do Taquari para se tornar uma figura de alguma referência, ao presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Os jornais dão conta de que vem estudando muito acerca do tema segurança, reforçando assim sua formação como advogado criminalista que, por si só, não permite imaginar sucesso na direção da mais espinhosa das áreas da gestão do Estado, na atualidade.

Mas ao lermos a entrevista de Bacci na Zero Hora de 16 de dezembro, sábado último, é possível notar que se é discreto por trajetória, o novo secretário da Segurança Pública do RS tenta se cacifar na velha forma bravateira de lidar com a criminalidade, repetindo discurso de tons parecidos com o do seu antecessor José Otávio Germano (esse do PP):

?Eu fui claro com a Governadora em alguns pontos, principalmente no fato de que bandido tem de ser tratado como bandido (...)?

Questionado sobre o que significa isso, desdobrou: ?Muitas vezes o policial se sente acuado por ter receio de cumprir a lei em função de dificuldades que enfrenta com sua chefia e muitas vezes ele se sente desmotivado para sair à rua. Queremos dar a esse policial a tranqüilidade para que aja com rigor?.

Antes disso, ainda havia falado de sua proposta de ?motivação psicológica? aos policiais, dizendo que instituirá algum tipo de promoção por ?ações de bravura? nas ações de rua de policiais, por ?combate no dia-a-dia ao crime organizado?.

A grandiloqüência repressiva do pedetista não chega a ser novidade. Quando empossado secretário da segurança, em 2003, José Otávio Germano disse que acabava ali o período da ?polícia com freio de mão puxado no combate à bandidagem?, forma como ele caracterizava a gestão de seu antecessor José Paulo Bisol. O que se viu durante sua gestão foi uma policia muito violenta no trato com os movimentos sociais (matando sindicalista por sufocamento, no episódio mais grave, em 2005), contra as sociais dos estádios de futebol (ferindo dezenas de pessoas em diversos episódios estúpidos, cujos maiores responsáveis foram os policiais militares, em ações que chocaram o Estado, antes de serem esquecidas) ou contra pequenos assaltantes, especialmente os desarmados (vivi como testemunha ocular um episódio em que a Estação Farrapos da Trensurb foi cercada por cinco viaturas e ao menos duas dezenas de brigadianos para prender um sujeito que supostamente teria tentado assaltar um ônibus da Carris: o sujeito, pobre e sem portar sequer uma faca, era chutado no chão, já algemado). Se aumentou a violência policial, não se pode, infelizmente, dizer o inverso da violência por parte da ?criminalidade?: os índices de criminalidade registrados durante o quadriênio de Rigotto e Germano não mostra evolução em relação ao período de Olivio e Bisol.

A retórica repetitiva das autoridades dessa área é copiada por Bacci. O discurso de ?tratar bandido como bandido? é de uma incapacidade teórica para propor qualquer questão que faz corar qualquer acadêmico racional. Não traz qualquer novidade: é o velho e carcomido discurso da ?lei e da ordem? que, mesmo sendo a opção dos gestores da área há décadas no Brasil, não tem servido para outra coisa que não aumentar os índices de criminalidade. A dura gestão de Geraldo Alckmin em São Paulo é de algum modo a principal responsável pelo tamanho que o PCC acabou tomando na última década, como contraveneno à violência praticada pela polícia e pelo controle carcerário naquele estado.

Mais: a idéia de ?tratar bandido como bandido?, se é vazia em conteúdo, infelizmente traduz uma prática que fica clara nas ?entrelinhas? do discurso de Bacci: as soluções passam por mais repressão, mais dureza. Na mesma entrevista, o futuro secretário termina defendendo a prisão perpétua para crimes hediondos e ?a discussão? sobre a reforma da idade penal, ao menos para os mesmos crimes. Vai na contramão da acumulação que a humanidade tem feito, ao menos desde o Iluminismo de forma mais fundamentada, no sentido de garantir à população - sem distinção entre ?cidadão de bem? e ?cidadão do mal?, como se fosse possível fazer uma distinção entre essas figuras - , direitos elementares de presunção da inocência, devido processo legal, individualização das penas, dentre outras garantias que não servem apenas, como gostam de dizer alguns energúmenos de tendência fascista, ?para defender bandido? mas exatamente para garantir a todas as pessoas, boas ou ruins, contra o arbítrio da violência estatal. Mesmo na mais evoluída das sociedades jamais conseguirá a humanidade impedir que ocorram atos de violência. Não é por isso que o Estado deva agir como bandido também, como se fosse essa a resposta possível para combater o crime.

Lamentavelmente o novo secretário de segurança pública do RS nem assumiu e já mostra a que veio: não pretende ser um gestor inovador de alternativas civilizatórias na área de combate à violência, quer ser apenas mais um xerife, um Clint Eastwood versão gaudéria.


:: por Marcio | 08:53




quinta-feira, dezembro 14, 2006

O tempo que passa, os tiranos que morrem

Augusto Pinochet morreu domingo, 10 de dezembro. O ex-ditador chileno talvez seja o ícone do que há de mais nojento da segunda metade do século XX. Em 1973, se utilizou da condição de comandante do exército, nomeado pelo presidente Salvador Allende, para articular um golpe de estado que não matou apenas o presidente eleito pelo povo, mas mais de 3 mil pessoas, além de torturar outros tantos milhares.

A ditadura chilena foi não apenas fisicamente brutal. Pinochet matou a poesia. Victor Jara, cantor, foi brutalmente torturado, teve as mãos amputadas antes de ser morto, dois dias depois. Agonizou num estádio, com outros companheiros. Pablo Neruda também foi desaparecido nesse mesmo processo. Mataram os sonhos de um povo, mataram a poesia de um povo.

A ditadura chilena foi economicamente brutal. Ao terminar um regime que poderia ser rotulado como reformista radical, os militates chilenos passaram a implementar um programa ultra-liberal, de retirada do Estado da economia, servindo como esteio do chamado neoliberalismo, que anos mais tarde destruiria o Estado brasileiro, argentino, dentre outros paises latinos.

Pinochet é a cada de um tempo. Dos militares golpistas, apoiados pela CIA no golpe, pelo FMI no programa econômico. Representa exatamente o tempo em que o Estado era fundamentalmente estruturado com uma visão policial, reprimindo todo o tipo de organização política para permitir, assim, a implementação de um programa econômico concentrador de renda, privatizador, de abertura econômica extremada. Por isso Pinochet, mesmo tão carniceiro, sempre teve a benevolência do capitalismo central, sendo até idolatrado por adeptos do liberalismo econômico como sendo um homem que foi pragmático, em que todas as mortes de que é tributário são apenas um custo necessário para atingir um objetivo importante. O cinismo corre solto.

Morreu um dos últimos ditadores. O último milico brasileiro que foi presidente morreu há alguns anos esquecido, o gen. Figueiredo. Uma figura, antes de mais nada, patética. O milico que disse que preferia o cheiro de seus cavalos ao cheiro do povo. O Brasil parece ter de algum modo saído de sua ditadura de forma mais suave. O povo chileno ainda vive profundamente dividido acerca da figura do seu ditador recém cremado. Multidões se enfrentam nas praças em nome dessa disputa: foi ele um tirano ou foi ele um homem correto? Nossa pacificação, no entanto, é um pouco falsa, como toda a nossa cordialidade. Todos os dias se pode ouvir gente ignorante ou mal-intencionada a defender ?a volta dos militares? como uma volta a tempos dourados. Como se fosse razoável viver num regime que mata de forma organizada. Como se a nossa corrupção e impunidade não tivesse prosperado de forma excelente no regime militar, sem o freio positivo que a liberdade de denúncia permite. Hoje há corrupção como havia ontem. Mas hoje aparece. A Polícia Federal hoje funciona inclusive para combater a corrupção, enquanto antes havia apenas como polícia política. Grande parte da falta de participação do povo, essa submissão à política, é herança maldita de tantas décadas de repressão. Uma geração como a minha, que não viveu o drama da tortura, de ter amigos desaparecidos, começa a falar bobagem e achar que ?ditadura não é tão ruim assim?, que ?direitos humanos é coisa pra defender bandido?.

Talvez falte, portanto, para o Brasil, tratar também de suas feridas, assim, em praça pública, como fazem os chilenos.


:: por Marcio | 08:44